terça-feira, 6 de março de 2012

A DEVOCÃO POPULAR A NOSSA SENHORA COMO PORTO DE ACESSO.

A Devoção popular a Maria – Nossa Senhora – está quase sempre ligada a uma imagem conhecida; Aqui no Brasil, pelo menos no Sul/Sudeste, a imagem mais “conhecida, venerada” que goza a confiança e a fé do povo é Nossa Senhora Aparecida, Padroeira nacional do Brasil.


Sem esta fé ligada à imagem, o processo de identificação não se desenvolve.

1. A Fé e alguma necessidade ou urgência levam a pessoa a rezar, a contar a Nossa Senhora de que precisa de ajuda, da cura de alguma doença, da solução para o casamento ou para o filho que é viciado e tantas outras aflições que o povo sofre e não encontra outra solução. A pessoa recorre a Maria e conversa frente à sua imagem e deixa uma vela acesa

2. A oração surte esperança e coragem para continuar a caminhada, a luta. Mesmo que não encontra a solução que quer, não está mais sozinha, pois deixou o problema na mão de Nossa Senhora. Isso da coragem e esperança.

3. Facilmente, o devoto começa a pensar nos seus erros ou pecados; pode até sentir certa culpa pelo que está afligindo. O sentimento de culpa e de não ser digno facilmente surgem diante da Santa à qual está pedindo tanto.

4. Se foi uma pessoa com uma fé quase individual, pela tradição antiga que só se manifestava ou pela privatização do religioso neste tempo moderno, sem perceber, encontra mais gente rezando e expressando a fé e a prece. A pessoa encontra a comunidade e depende muito desta ou que ele vai fazer.

5. Sem perceber, vai se encontrando com Jesus, o Filho de Maria, a Nossa Senhora de sua confiança. Se isso vai levar a um aprofundamento, depende em boa parte da comunidade/ igreja onde ele encontra a imagem de sua devoção.

6. Se ele se interessa em conhecer melhor a Jesus, o Filho de Maria, o Filho de Deus, se alguém o ajuda a conhecer Jesus, a reação vai levá-lo a querer viver alguns aspectos da vida de Jesus que mais lhe chamaram a atenção. Ele vai procurar praticar um pouco como Jesus vivia, nem que seja somente para agradar à sua santa. Muito disso passa sem que ele reflita sobre isso, chega a acontecer mais pelo sub-consciente.

7. Assim como a busca de perdão (3.), nesta altura o nosso devoto começar a crescer em fidelidade, querer ser levado a sério a partir da experiência que está vivendo; ele se torna mais perseverante, mesmo dentro do sofrimento. Seu sentimento muda, ele busca ser alguém que merece aquilo que está pedindo a Nossa Senhora.

8. Nesta altura, ele começa a viver com mais ternura, cultiva um sentimento de bondade e mais atenção; sua devoção à Maria o leva a perceber a ternura e o carinho que Maria representa. A devoção a Maria e a fé popular nesta santa, “ dês-cobre” a ternura de Deus. Sem Maria, o seu carinho, sua ternura e compreensão com as pessoas, a Igreja seria muito fria e objetiva, somente. Maria, as religiosas e muitas mulheres que se dedicam à comunidade e à religião salvam a Igreja da frieza e da objetividade do clero unicamente masculino.

9. Maria morreu e ressuscitou, foi direto para ajunto de Deus e mesmo estando distante ainda, torna-se cada vez mais clara a esperança e a vontade de morrer assim que também possa ir para o céu. Viver bem, para morrer em paz com Deus e poder ressuscitar, assim como Maria e muitos santos(as), torna-se uma esperança e uma vontade que motiva a tomar atitudes.

10. Neste momento, nasce uma grande disponibilidade de se comprometer mais com Deus e com a Igreja. Toda esta caminhada aqui traçada requer um ambiente sadio e acolhedor. A pessoa entrou em contato com o sagrado com o sagrado e o ambiente religioso. Se nesta aventura encontrou uma comunidade que o acolhia mais ao mesmo tempo o deixava fazer a sua experiência sem forçar o processo, surge esta disponibilidade e a curiosidade, um momento favorável à uma catequese. Estes momentos não podem ser forçados, nem com a maior boa vontade. O clima deve ser de ternura e acolhida; é por este caminho que nosso amigo chegou mais perto de uma fé maior e da Igreja. Por isso, uma Igreja rígida, de regras e deveres, só espanta. A vida em comunidade pode descobrir, através da caminhada que o nosso amigo fez, como deve ser o clima dela e a atuação. A Igreja precisa da ternura de Maria e de Jesus precisa de muitas mulheres Marias para mudar o modo de ser da Igreja do clero e do papa; não podemos forçá-las a serem todas Martas em nossas casas.


Cananéia, 07 de maio de 2003- Pe. João Trinta

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