quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

ALEGRIA, ESPERANÇA, COMPROMISSO, PAZ....ANO 2012

ORAÇÃO.... ANO NOVO, PARA REZAR SEMPRE:

Deus, Pai de amor e bondade, temos todas as razões para vos agradecer, pois ..... sois o Deus de amor, que o Filho Jesus nos deu a conhecer; sois o Deus de Abraão que nos acompanha de acampamento em acampamento, e que mantém a vossa moradia no meio de nós; sois o Deus de Jesus Cristo, cujo amor nunca nos deixa de lado; sois o Deus das nossas comunidades, O Deus presente, Deus que ouve, Deus que dá coragem e faz caminhar, Deus que não falha. Sois o Deus que muitos já não conhecem, um Deus que vive na solidão dos corações que O perderam no meio de tanta mercadoria; sois o Deus paciente.


Ao Senhor, nosso Deus queremos agradecer por toda a nossa vida, pela saúde, e pela dor que nos faz acordar; Pelo meio ambiente que sofre debaixo de nossa ganância, mas que agora nos acorda;
Pela vida que hoje nos leva ao encontro de cada vez mais gente e nos confronta com a solidão, para não nos fecharmos em auto-suficiência;

A Deus agradecemos pelo Filho Jesus Cristo: Agora conhecemos o sentido do amor e do sofrimento; Conhecemos a solidariedade que nos ensina a carregar a cruz de nosso irmão, de nossa irmã;

Aprendemos porquê a morte pode ser vida, novamente, Porquê o pecado pode ser invertido em amor e compromisso; e alegria, abrindo para a esperança da vida em plenitude.

Agradecemos pelo ano novo e as novas possibilidades de crescer; agradecemos por você, Maria – por você Pedro, meus amigos; por vocês, mamãe e papai – agradecemos pelos amigos, as verdadeiras amigas, pois todos juntos formamos o vosso povo, em Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Amém!


Pe. João 30 - Cananéia, 31 de dezembro de 2001










sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal do Nascimento...,Anúncio da Boa Notícia a Homens e Mulheres de Boa Vontade.

Irmãs e Irmãos muito queridos, a todos uma Semana de Bênçãos.
Em espírito de muita esperança, novamente vamos viver, com muita alegria, o tempo da Vinda do Senhor Jesus, a Vinda de Emanuel, Deus conosco.
A Vinda de Deus, de alguma maneira, estava sendo esperado há séculos, pela Fé do Povo Judeu.
Nos tempos antes da vinda de Jesus, o Messias era esperado com muita ansiedade pelo povo,..... por aquela parte do povo que acompanhava a religião e conhecia as promessas dos profetas.
“Ao Deus Javé acorrerão todas as nações” para que se inicie o tempo de Paz. Hoje, poderíamos dizer assim: “Onde é que podemos encontrar esse tempo de Paz?” ou ainda: “Porque o mundo até agora, não conseguiu encontrar essa Paz?”
Essa é a nossa situação: Deus vem ao nosso encontro. Quem conhece e segue a Jesus Cristo, quem busca viver em Comunhão com Jesus Cristo, há de encontrar o Deus tão esperado como o grande Presente em toda a criação. Para quem crê, Deus é o centro da vida do universo e aí, ele dá uma atenção especial aos homens e mulheres, assim como já fez quando nos criou, diferentes dos outros seres vivos e dos animais.
Vamos esperar ao Cristo que vem ao nosso encontro, não passivamente, mas, vigilantes. “Para nós todos, surge aqui um grande compromisso”: O Mundo precisa de testemunhas da fé, e do amor, assim como Jesus Cristo nos ensinou.
Muita gente busca o Salvador, aquele que nos faz viver a Vida, mas faltam as pessoas ligadas a Jesus Cristo, para dar testemunho da alegria da vida da fé.
‘E nós, o que devemos fazer?’
Honestidade com as pessoas, especialmente para com os pobres; e um profundo respeito por todas as pessoas. Ninguém pode ser desprezado, por nada. Todos são e continuam criaturas de Deus.
Não podemos jamais desprezar a ninguém, os mais humildes são os mais queridos de Deus; Devemos aprender a perdoar e jamais guardar raiva ou rancor.
Precisamos ter um profundo respeito pela juventude e pelos adolescentes! Percebemos a cada dia como os adolescentes estão expostos por toda parte de tentações e agressões – e não só pela TV, mas também em nosso próprio ambiente.
Uma nova Vinda de Jesus, em nossas vidas, em nossa história: Jesus quer viver em nós, quer se tornar carne e osso em nós todos. A comunhão é com o Corpo e o Sangue de Jesus, Ele quer encarnar-se em nós, fazer-nos corpo e sangue dele.
“Paulo, quase no fim de sua vida, vai dizer: ‘Não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim”.
A Encarnação do Filho de Deus em nossa carne, na pessoa que Jesus Cristo traz uma mudança radical para nossas vidas: Queremos que isso aconteça que Jesus Cristo tome conta de nossa vida. Mas Ele não faz isso à custa de nossa liberdade e responsabilidade.
Jesus Cristo quer ser acolhido pelas pessoas que crêem que Ele é Caminho, Verdade e Vida, e que por isso, querem seguir esse caminho, viver essa verdade e construir essa vida.

A grande pergunta é esta: Queremos ir tão longe com a nossa fé e o nosso seguimento a Jesus?
Seguir a Jesus Cristo para cada um poder dar a sua colaboração, a minha colaboração para o mundo se tornar Reino de Deus: fazer tudo por Deus, tudo, tudo!
Isso é Fé. Menos do que isso é negociata com Deus. Cananéia, Natal 2003 – Pe. João Trinta



sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Feliz Natal

Misterioso cartão de Natal


O Natal é a festa das crianças e da divina Criança que se esconde dentro de cada adulto. É altamente inspiradora a crença de que Deus se acercou dos seres humanos na forma de uma criança. Assim ninguém pode alegar que Ele é apenas um mistério insondável, fascinante por um lado e aterrador por outro. Não. Ele se aproximou de nós na fragilidade de um recém-nascido que choraminga de frio e que busca, faminto, o seio materno. Precisamos respeitar e amar esta forma como Deus quis entrar no nosso mundo. Pelos fundos, numa gruta de animais, numa noite escura e cheia de neve “porque não havia lugar para ele nas pousadinhas de Belém”.

Mais consoladora é ainda a ideia de que seremos julgados por uma criança e não por um juiz severo e esquadrinhador. Criança quer brincar. Ela se enturma imediatamente com todas as outras, pobres, ricas, japonesas, negras e loiras. É a inocência originária que ainda não conheceu as malícias da vida adulta.

A divina Criança nos introduzirá na dança celeste e no festim que a família divina do Pai, do Filho e do Espírito Santo prepara para todos os seus filhos e as suas filhas, não excluidos aqueles que, um dia, foram desgarrados.

Estava refletindo sobre esta realidade benaventurada quando um um anjo, daqueles que cantaram aos pastores nos campos de Belém, se aproximou espiritualmente e me entregou um cartãozinho de Natal. De quem seria? Comecei a ler. Nele se dizia:

“Queridos irmãozinhos e irmãzinhas:

Se vocês ao olharem o presépio e ao verem lá o Menino Jesus no meio de Maria e de José e junto do boi e do jumento, se se encherem de fé de que Deus se fez criança, como qualquer um de vocês;

Se vocês conseguirem ver nos outros meninos e meninas a presença inefável do Menino Jesus que uma vez nascido em Belém, nunca nos deixou sozinhos neste mundo;

Se vocês forem capazes de fazer renascer a criança escondida nos seus pais, nos seus tios e tias e nas outras pessoas que vocês conhecem para que surja nelas o amor, a ternura, o cuidado com todo mundo, também com a natureza;

Se vocês, ao olharem para o presépio, descobrirem Jesus pobremente vestido, quase nuzinho e lembrarem de tantas crianças igualmente mal vestidas e se sofrerem no fundo do coração por esta situação e se puderem dividir o que vocês têm de sobra e desejarem já agora mudar este estado de coisas;

Se vocês ao verem a vaquinha, o burrinho, as ovelhas, os cabritos, os cães, os camelos e o elefante no presépio e pensarem que o universo inteiro é também iluminado pela divina Criança e que todos eles fazem parte da grande Casa de Deus;

Se vocês olharem para o alto e virem a estrela com sua cauda luminosa e recordarem que sempre há uma estrela como a de Belém sobre vocês, acompanho-os, iluminando-os, mostrando-lhes os melhores caminhos;

Se vocês se lembrarem que os reis magos, vindos de terras distantes, eram, na verdade, sábios e que ainda hoje representam os cientistas e os mestres que conseguem ver nesta Criança o sentido secreto da vida e do universo;

Se vocês pensaram que esse Menino é simultaneamente homem e Deus e por ser homem é seu irmão e por ser Deus existe uma porção Deus em vocês e por causa disso, se encherem de alegria e de legítimo orgulho;

Se pensarem tudo isso então fiquem sabendo que eu estou nascendo de novo e renovando o Natal entre vocês. Estarei sempre perto, caminhando com vocês, chorando com vocês e brincando com vocês até aquele dia em que chegaremos todos, humanidade e universo, na Casa de Deus que é Pai e Mãe de infinita bondade, para morarmos sempre juntos e sermos eternamente felizes”.

A equipe do Blog No Meio do Povo lhes deseja um Feliz Natal e um 2012 repleto de realizações.

Belém, 25 de dezembro do ano 1.


Merito do texto: Teólogo Leonardo Boff

Assinado: Menino Jesus

terça-feira, 15 de novembro de 2011

FOTOS ANTIGAS DE CANANÉIA

Antonio Paulino de Almeida, assim descrevia Cananéia...

Situada ao fundo da ampla baia, a cidade de Cananéia, pequenina e humilde, reflete no espelho azul das águas, a imagem do seu branco casario.

A cidade que ainda em 1947 contava com cerca de 130 prédios, todos eles construídos no tempo colonial – baixos de grossas paredes de pedra e cal – desde então começou a ressurgir. Na praça Martin Afonso, que outrora foi arborizada, encontra-se a Igreja Matriz, de estilo colonial simples. O mercado municipal, que funcionava em prédio antiqüíssimo, junto a praia, foi demolido, a fim de utilizar as pedras da mesma para a formação dos alicerces do hotel municipal.



Rua: Tristão Lobo - Antiga rua do fogo - ANO 1925

Casas as margens do mar pequeno/carregadores de arroz sobre o velho pier ANO 1925

Porto bacharel - Se presume 1905

Vapor Victoria - Mar pequeno de cananéia 1905

Igreja Matriz - Se presume década de 40 a 50



Avião de guerra - em Cananéia na década de 20

Casa antiga caiçara - fonte IBGE


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

AS ORGANIZAÇÕES DE CLASSE...

As Organizações da Classe 3, a Classe dos Pobres, devem ser fortalecidas, no mundo. Todo mundo assiste ao empobrecimento, não só da Classe dos Pobres, mas também da Classe 2, a Classe Média.

Os Direitos da Classe dos Pobres ainda nunca foram reconhecidos. Os Direitos Humanos ainda não chegaram a ser cumpridos em relação aos pobres deste mundo.
Acreditamos que, para Deus, todos tem Direitos que não podem ser negados. Esses Direitos inegáveis, nos dias de hoje são reconhecidos aos Ricos da Classe 1 e aos da Classe Média, à Classe 2, mas os Direitos da Classe 3 devem ser conquistados ou são pisados sem mais nem menos. Vou dar uns exemplos:
Os Pescadores vivem na beira mar e pescam. Quando, de repente, algum rico acha vantagem nessa região, em mínimo de tempo desses pobres pescadores não existe mais nada. Quantos bairros de pescadores sumiram debaixo dos projetos dos ricos que recebiam todas vantagens para se implantar em lugar onde há séculos moravam esses pescadores artesanais.

Os Pescadores moram em lugares que pela mudança do tempo, se tornaram, importantes, pelo Meio Ambiente por exemplo. De repente, vem gente de fora que sem perguntar nada, começa a proibir muitas coisas que esses pescadores não entendem porque a sua maneira de cuidar da Natureza é diferente e funciona.

A Colônia de Pescadores, assim como um Sindicato, une os pescadores numa Organização de Categoria ( a categoria dos pescadores profissionais da pesca artesanal) para que assim unidos, possam defender os seus direitos e reivindicar as coisas que lhes são necessárias. Sem Colônia, os pescadores não tem uma organização que defende os direitos da Categoria. Nenhuma associação tem esse poder; só defende os assuntos que constam nos estatutos e só para os filiados.
Associações são importantes para a defesa legal de certas organizações específicas.

Estamos, em Cananéia, na Colônia, em fase de Eleições da Nova Diretoria da Colônia. Esse momento é importante para todos os pescadores filiados à Colônia se preparar. É muito importante que cada filiado expresse o seu voto de apoio à Nova Diretoria. Quanto mais eleitores vierem votar, maior e melhor será a representatividade do novo governo da Colônia.

A Participação da Classe 3, os pobres participar dos Conselhos Municipais é igualmente muito importante. Somente eleitos membros de um Conselho para representar o seu Grupo social, vocês tem como apresentar e fazer os seus direitos e suas reivindicações serem respeitados.

A Participação dos Comitês de Meio Ambiente e das Bacias Hídricas é muitíssimo importante para contribuir e para defender os direitos da população local e ou tradicional.

As Associações de Bairros e a eleição lá dentro de representantes de sua categoria e de sua Classe social, é muito importante. É ingênuo, ignorante ou "pelego" quem vota nos delegados representantes dos políticos ou governantes.

Os pobres precisam fazer-se presentes pelos próprios representantes e depois acompanhá-los e apoiá-los nos seus trabalhos.
    
É urgente os pescadores começarem a acreditar em seus colegas que se dispuseram a assumir a direção da Colônia. É um trabalho sacrificado e só aceita ser Presidente quem quer bem à sua categoria e tem um espírito de fé e doação. Se Presidente de um Sindicato grande e rico é gostoso, mas ser Diretoria de uma Colônia ou de uma organização da Classe 3, hoje somente por espírito de doação e fé.

Cananéia,  Junho de 1999 - Pe. João Trinta



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

CEBS e ECOLOGIA

CEB'S : Ecologia – Meio Ambiente – Consciência ecológica

Consciência ecológica é a consciência que participamos da Vida que existe na forma da biodiversidade e dos ecossistemas em nossa volta. 
A Vida da qual fazemos parte é um conjunto de vida só.
Não é só pertencer e sim ter responsabilidade de sermos no meio destas múltiplas formas que a vida se manifesta, a espécie com capacidade de pensar e agir.

1- Destruição, predação das espécies e poluição criam formas de desequilíbrio que podem ter conseqüências em cadeia. Falando da manipulação de espécies (a soja transgênica ), não sabemos o que estamos fazendo ou destruindo, nem quais conseqüências isso possa ter.
O que nós fazemos?

- Defendemos a população tradicional nos locais onde sempre morou; ela faz parte histórica- e estruturalmente desse ecossistema (desse pedaço harmonioso da vida )


1) Nos anos 72, 73 e 74 – com a expulsão dos moradores tradicionais do entorno do costão da Ilha do Cardoso, houve um empobrecimento do ecossistema da Ilha pela radical diminuição de sementes, raízes, folhagens e batatas da agricultura de subsistência das moradores tradicionais; em cadeia foram escasseando aves, porcos de mata e finalmente a onça).
2) – Os defesos das espécies da fauna aquática, dos peixes, camarões, caranguejos visam poder extrair e ao mesmo tempo garantir a sobrevivência dessa espécie.
3) - Criamos projetos de “manejo” em que se define o uso dos bens de tal maneira que eles possam melhorar e não ser ameaçados (APA-CIP – Área de Proteção Ambiental de Cananéia, Iguape e Peruíbe.)
4)- A Criação da Reserva Extrativista do Mandira visa que o povo do Quilombo de Mandira possa explorar a riqueza desse bioma sem afetar o equilíbrio da natureza pela sua presença.
5) -Fazemos políticas e projetos de proteção do Meio Ambiente em Áreas protegidas de intensa atividade humana É urgente aplicar o que nós temos de melhor experiência de preservação e conhecimento ambiental nas áreas de exploração agrícola e de madeira e minérios e, em primeiro lugar, nas cidades.
A vida é uma só e as feridas das agro-indústrias, dos “Carajás” e das metrópoles estão afetando até o clima na Amazônia e criando os “El Nino” ( como efeito estufa).
6) – As escolas estaduais incluem projetos de educação ambiental e visitas as áreas onde a natureza (os ecossistemas) ainda estão intactos, em Cananéia percorrendo trilhas, observado a flora e a fauna, fazendo visitas aos mangues e a experiência de água sem poluição...
7)- A luta do Pe. João van der Heijden - João 30, em favor da permanência das populações tradicionais nas áreas de preservação permanente, apesar de que a lei do SNUC (Serviço Nacional das Unidades de Conservação) proíba a permanência de habitantes em parques e estações ecológicas.
Nas áreas de proteção ambiental em nossa região, as populações tradicionais ocupam a metade das vagas dos comitês de manejos e são eles que mais contribuem com seus conhecimentos.
8)- O PEIC (Parque Estadual da Ilha do Cardoso) e APA-CIP (Área de Proteção Ambiental Cananéia, Iguape e Peruíbe) – são as poucas unidades que cumprem sua função legal conforme a política ambiental prevê, porque as populações tradicionais tomam conta e protegem o que é seu.
Funções que devem existir nessas áreas sujeitas à política ambiental são exercidas pela população local: monitores, guias de caminhada, todos os serviços do ecoturismo: monitores, guias, pousadas, barcos de passeio, acompanhantes na pesca amadora, etc.
9)- Muitos estagiários de Cursos Universitários e de Pós-graduação encontram nesse ambiente os temas e conteúdos de seus estudos e trabalhos conclusivos. Mas, repetimos: Essa disciplina de manejo e de ocupação e uso responsável da vida nas suas múltiplas formas deve estender-se, quanto antes, a todo o Planeta Terra, e não somente às áreas protegidas pela política ambiental de restrição e/ou exclusão de atividades humanas.
10)- Os caiçaras são uma população até então semi-nômade que migrava entre Angra dos Reis e Sul de Santa Catarina, resultado de longo processo de miscigenação da população indígena (diversos povos), com negros e com portugueses pobres que não conseguiram migrar Serra acima. É um povo desconfiado (uma autodefesa mais que justa), intuitivo, com muito amor à vida e sensibilidade para todo tipo de arte; até de fazer arte.
11)- Hoje a política ambiental e os bons ecologistas estão dando um valor cada vez maior as culturas das populações tradicionais e a sua religiosidade popular. O respeito pela natureza – respeito à vida e a tudo que vive, é uma vivência autenticamente religiosa.
A vida inteira é sagrada e como tal tratada com o máximo respeito. Por exemplo: A trovoada é afastada para não fazer mal em pleno silêncio, ninguém fala alto, com uma oração não falada em voz alta e com um gesto das mãos que parece querer empurrar essa ameaça para fora do lugar onde as pessoas se encontram. Essa atitude de respeito pela vida (pelo sagrado da vida) sustenta o Meio Ambiente melhor que qualquer política oficial ou Ong ambientalista.
Muitas atitudes que aparentemente só são de respeito, baseiam-se na cosmovisão dessas populações e essa nos fornece o conhecimento extremamente amplo a partir da qual essa cosmovisão se desenvolveu enquanto esta ao mesmo tempo ajudou ampliar esses mesmos conhecimentos.
Essa forma de religiosidade integrada na vida cabe, assim como os ensinamentos de Jesus, dentro de todas as religiões.

25 de fevereiro de 2005.
Pe. João Trinta - Cananéia/sp - Vale do Ribeira – SP.








quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O VALO GRANDE DE IGUAPE.....


O VALO GRANDE DE IGUAPE, O RIO RIBEIRA E O MAR DE DENTRO (O Lagamar).
Cananéia, 24, de outubro de 1998

A BARRAGEM do Valo Grande, em Iguape, deve ser FECHADA QUANTO ANTES !
Isso é uma verdade muito grande e óbvia para quem conhece o Vale do Ribeira; a APA de Cananéia, Iguape, Peruibe; a APA da Ilha Comprida; o Macro-zoneamento de Iguape, Ilha Comprida e Cananéia; o Parque Estadual da Ilha do Cardoso; o Lagamar de Iguape, Cananéia, Paranaguá, e o mundo de hoje e de amanhã....
                            
Pode se discutir o prejuízo sofrido por uns agricultores que de repente começaram a introduzir plantações permanentes e bananais, em vargens do Rio Ribeira. Na medida que esse prejuízo não pertença ao mundo dos erros dos próprios plantadores, pode-se analisar a quem dar o restante da culpa. Aos primeiros gestos brutais de El Ninõ do ano de 1983 e ao aquecimento do Planeta Terra graças ao nosso desenvolvimento materialista e automobilístico; à construção da Estrada Nova que sai da BR 116 a cidade de Barra do Turvo, no início dos anos oitenta, e ao assoreamento que o despejo dessas terra no Rio Turvo provocou na região baixa do Rio Ribeira; a todos os fazendeiros, inclusive aos próprios autores da queixa, que acabaram com os matos ciliares; às dragas que, a cada ano mais, retiram saibro do rio para as construções e neste ano para abastecer às construtoras da BR 116 que estão usando o saibro para evitar a infiltração de terras pobres na base da pista nova. Essas extrações de saibro ocorrem quase sempre a poucos metros das beiras do rio e provocam assim em muitos lugares desabamentos dos barrancos e novos assoreamentos.

Podemos ainda culpar a abertura do Valo Grande no século passado. Por essa vazão facilitada, não somente perdeu-se o porto internacional de Iguape e o ecossistema do Lagamar, mas ao mesmo tempo ocorreu o diminuição de fluxo de águas pelo Rio Ribeira até a barra natural. Um rio que perde a pressão das águas perde a velocidade de sua correnteza e começa a assorear-se automaticamente.
Enchentes, sempre ocorreram. O Rio Ribeira tem as suas vargens para comprovar isso. Relatos por escrito, das tripulações das lanchas da Sorocabana, contam que as lanchas umas vêzes, há dezenas de anos, foram atracadas acima dos cáis, em Registro.
[Alias, por quê um órgão tão importante na história do Vale do Ribeira, não colecionou todos os relatos, inclusive os “particulares” para preservar essa bela história de um rio que tinha sua navegação bem organizada de lanchas fazendo as ligações por todo esse Vale, e de que esses rios todos eram navegáveis?]
Muito significativas são as belas casas que foram construidas na Colónia Japonesa de Jipovura, em cima de barrancos mais altos ou em cima de esteios grossos e fortes para se proteger contra as cheias que a quase cada ano aconteciam, em uns anos maiores, em outros menores. Bonitas, merecedores de uma visita são as casas das famílias Nishidate e Yanaguisawa, e pode acontecer que da ”Bandeirante” ou da ”Morrão Ribeiro” surja ainda uma dose da amarelinha dos bons tempos!
No momento, o Ribeira sofre todas as formas de destruição. Surgiram bancas de areia, provas claras de processos de assoreamento, até no Ribeira Alto. As dragas que já foram mencionadas, por trabalharem próximas aos barrancos, provocam o desabamento dos barrancos e se abastecem assim de saibro em abundância. Mas, isso é uma calamidade e uma predação que há de prejudicar e de acabar com a flora e a fauna de todo o rio e de suas margens, quando esse perde profundidade e consequentemente a possibilidade de escoar rapidamente as águas das chuvas. Deixará de ser um rio e se transformará numa longa série de poços no meio de um deserto de pedras e saibro para se tornar um desastre generalizada em cada época de chuvas.

Medidas urgentes:
• O Plantio imediato, obrigatório e com incentivos dos ICM’s, de margens amplas de matas ciliares;
• O Fechamento imediato da Barragem do Valo Grande, em Iguape, através de;
• A Colocação das comportas, administradas depois por órgão pelo menos de nível estadual;
• A Dragagem de curvas do Rio Ribeira, para facilitar o fluxo das águas que automaticamente hão de trazer o desassoreamento e o aprofundamento do leito do rio;
• A Parada imediata das dragas, com revisão geral desse processo da retirada do saibro. Esse mecanismo não pode provocar, de modo algum o desabamento dos barrancos do rio, mas pode ajudar no processo de desassorear e aprofundar o leito;
• Um estudo sério das cheias havidas nestes séculos, da duração de cada, da ocupação das margens e da história dos tipos de aproveitamento feito pelos agricultores. O processo por indenização em andamento, de um lado deve ser levado a sério mas de outro não pode funcionar, assim como está acontecendo, como uma pedra de tropeço maciça que ninguém tem coragem de mexer com ela.
No Brasil da atualidade e do futuro do Planeta Terra, o Rio Ribeira é um tesouro que não se pode perder nem destruir, sob pretexto nenhum! Vamos deixar de ser bairristas e colocar este conjunto ambiental dentro do mundo da globalização. O mundo está num processo de mudanças radicais e a vocação do Vale do Ribeira ficou guardada, mas já está descoberta.

O Meio Ambiente; os ecossistemas; a biodiversidade; as águas abundantes e límpidas (no Ribeira já nem tão límpidas, mas dá para inverter o processo); a flora tropical da Mata Atlântica; os mangues limpos, não poluídos; as restingas; a fauna nestes diversos ecossistemas até agora minimamente conhecida mas até então preservada, uma biodiversidade que ultrapassou a última era glacial, a única da Mata Atlântica ainda existente; um conjunto de natureza forte e belíssimo que surge do mar, passa pelos mangues e restingas, erguendo-se progressivamente até uma altura maior de 1200 metros deixando no meio vales enormes com toda a riqueza desta Mata Atlântica que aqui existe.

Isto traz Progresso? Depende do trato que se dá à região. Nunca seremos uma Alta Sorocabana, uma região como Presidente Prudente. Mas o pessoal de Ribeirão Preto, de Goiás e do Planalto vão querer passear aqui, passar suas férias e gastar como gastam em outros lugares, em troca do produto oferecido...

No Nordeste, programa obrigatório é de sol e as praias. O mito da praia e do corpo pelado exposto ao sol não empolga todo mundo ou para as férias de todos os anos. Estou pensando muito em gente que bem gostaria de fazer umas caminhadas debaixo de chuvas fortes e de sentir a força do vento e o gosto do barro aos pés. Conhecer bancas de cultivo de ostras, criadouros de camarões para depois consumi-los recém capturados, beber água da cachoeira e levar para casa uns vasos de bormélias cultivadas na beira do mato onde estão florindo em abundância.

Cadê os projetos de criar capivaras, catetos, pacas, etc? Para poder conhecer os animais na natureza, sendo criados de maneira sustentada e para quem tiver as posses, poder comer uma capivara, num sábado sem outros compromissos depois.

Cadê os canteiros de mudas de árvores nobres ”de lei?” Daqui uns anos, será ”hot” plantar no quintal ou na frente da casa, umas árvores tradicionais como Peroba, Jacarandá, Embúia, Maçaranduba, ipê etc.

Cadê o cultivo das frutas saborosas da região: Goiaba, Abacate, Mexerica e Araçá? Cultivá-las de maneira autosustentada, sem produtos químicos, do jeito como sempre existiram na região do Vale do Ribeira.

Banana, Chá, Manjuba, Tainha, Peixe porco, Camarões, Ostras, Mexilhões, Arroz integral, Mandioca, Aipí e Galinha caipira, não mais cultivadas para ser vendidas por uns tostões mas beneficiadas de diversas maneiras como pratos típicos ou para serem levadas para casa como produtos nobres do Vale do Ribeira.
                                   
Convertei-vos, administradores e investidores do Vale do Ribeira! Aqui não é lugar para grandes obras como acontecem serra-acima. Esta região tem uma vocação própria, seu povo é importante porque é mantenedor da tradição secular, o conhecedor desta realidade. Sua maneira de viver, seu conhecimento dos produtos, sua cozinha, sua maneira lerda e desconfiada, sua arte, tudo pode fazer parte de um Vale do Ribeira caiçara com uma vida sóbria, mas digna e sadia, e com possibilidades de se fazer opções aqui em baixo ou serra-acima.
Mas o Valo Grande, o Lagamar, o próprio Ribeira e os Ecossistemas, fazem parte desse projeto, não separadamente mas como um imenso conjunto de biodiversidade que aí está para os futuros séculos e as futuras gerações.
Padre João Trinta, 23 de outubro de 1998.





segunda-feira, 3 de outubro de 2011

QUESTÕES FUNDIÁRIAS DA ILHA DO CARDOSO, DA SUA HISTÓRIA E DO PARQUE ESTADUAL


 



I - Aspectos fundiários antigos.
A posse das terras da Ilha do Cardoso pelos europeus teve início nos primórdios do século dezesseis com a chegada dos portugueses e espanhóis à América do Atlântico Sul.
Existem documentos oficiais sobre o parcelamento da ilha para moradores, a partir do século dezoito, embora sua ocupação tenha ocorrido desde a vinda do Bacharel, Mestre Cosme Fernandes à região de Cananéia.
Uma Escritura lavrada nas Notas do Tabelião da Vila de Cananéia em 23/12/1701, refere-se à permuta de terras que entre si fizeram, de um lado o padre vigário, Manoel de Lara Costa que entregou suas terras do Continente em troca de outras “que temos na Ilha do Marco, adonde chamão terras do Cardozo, paragem chamada Itacoatiara, terras que forão do dito Domingos Cardozo nosso avô, as quais lhe largamos pela dita troca”. Assinantes: Escrivão Anastasio Alves Pais, Antonio Medeiros, Ana Maria, Luiz Fernando Castelo Branco, Pedro de Medina Cardoso, Manoel de Lara Costa”.

Dentre as sesmarias concedidas na Ilha do Cardoso, duas são mencionados por Antonio Paulino de Almeida, em “Memória Histórica da Ilha do Cardoso”. A Primeira carta de Sesmaria foi concedida a Antonio Pereira de Aquino, em 29/07/1777.
Alegava em seu requerimento, que era casado e cultivava a terra com 10 (dez) escravos, na paragem denominada Camborupu. Parte das terras houvera por título de compra e parte, por ocupação de terras devolutas. Pediu concessão de uma sesmaria de 800 braças em quadra, quatrocentas rio acima e outro tanto, rio abaixo, medidas a partir de suas casas, fundos, para o sertão da Ilha.

Antonio Ouros foi outro a pedir Carta de Sesmaria na Ilha do Cardoso, nas cabeceiras do Rio Barreiro, de meia légua em quadra, ficando dentro da medição, a casa do requerente. A Carta de Sesmaria foi-lhe concedida em 10/09/1779.
Desde o século dezoito eram conhecidos mais de vinte sítios disseminados pela Ilha do Cardoso, onde o cultivo de cereais era intenso.
A restinga ao lado sul da Ilha, era ocupada somente por ranchos de pescadores.
II – A Lei 601 de 1850 e seu Regulamento n.º 1318 de 1854.
Com o advento da Lei 601 e seu Regulamento, todos os ocupantes de terras do Brasil foram obrigados a declará-las na sede das paróquias a que pertenciam. Criou-se o sistema conhecido como o “Registro do Vigário”.
Grande número de moradores da Ilha do Cardoso declarou sua posse em Cananéia, conforme documentos existentes nessa Paróquia. Uma cópia das declarações consta do Livro de Tombo, no Arquivo do Estado, e a outra, na Paróquia de origem.



III. A Ação Discriminatória do Estado.
No dia 9/12/1969, a Fazendo do Estado de São Paulo, por sua Procuradoria do Patrimônio Imobiliário, com base na Lei 3.081 de 22/12/1956, propôs ação discriminatória na Ilha do Cardoso, perante a comarca de Jacupiranga (A Comarca de Cananéia havia sido extinta), pedindo a citação da União, da Prefeitura de Cananéia e de 100 (cem) ocupantes ou interessados em terras da Ilha. Foram convidados a apresentar em juízo, os títulos em que se baseavam para ocupar as terras que julgavam pertencer-lhes, juntando, também, a filiação com sua cadeia sucessória.
Na ação, foram excluídos os terrenos da União.


 
IV. A Criação do Parque e seus reflexos na ocupação da Ilha.

Com base no Decreto Federal n.º 23.793 de 23/01/1934, o Governo do Estado de São Paulo, criou o Parque pelo Decreto Estadual n.º 40.319 de 03/07/62, consagrando a preservação das qualidades insuperáveis que a Ilha do Cardoso ostenta, para as atuais e futuras gerações.
Criado o Parque, começaram a surgir as limitações do uso do solo, inclusive, para fins da agricultura extensiva.
Com isso, grande número de pequenos agricultores foi obrigado a procurar outras áreas, fora da Ilha, para sobreviver.
Permaneceram na Ilha os caiçaras desprovidos de recursos para emigrar e os que exibiam títulos de domínio sobre porções da Ilha, mas que não precisavam delas para viver.
Na primeira classe, situam-se as famílias de pescadores tradicionais e remanescentes da miscigenação das raças branca, negra e índia; na segunda, os abastados que adquiriram terras para futuras especulações imobiliárias.

V. - A ILHA DO CARDOSO PERTENCE À UNIÃO
A União ofereceu Oposição na Ação Discriminatória da Ilha, iniciada pelo Estado.
A oposição é alegada quando alguém se coloca como titular dos direitos do autor e do réu. Com seu recurso, a União posicionou-se como única e exclusiva proprietária da Ilha do Cardoso.
A tese da União foi confirmada pelo STF que lhe deu inteira razão, com base nos preceitos constitucionais vigentes. A questão fundiária, com essa decisão da Suprema Corte do País, ficou definida.
Decorre daí que, não cabe ao Estado de São Paulo reconhecer ou não, os direitos eventualmente pretendidos por particulares que exibem títulos de domínio; não lhe cabe também obrigação de indenizar o domínio.
A ocupação da área foi deferida pela União ao Estado mediante um contrato de cessão de posse, para o fim especial de implantar o Parque da Ilha do Cardoso, obedecidas as restrições constantes do documento.
Antonio Teleginski – Adv. da SMA-SP e Jan Van Der Heijden (Padre João 30- Cananéia-SP


                                                              

Vídeos interessantes