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Ano 2003 – Pe. João escreve histórico sobre Bandeira do Divino Espírito Santo
A Bandeira e a Festa do Divino representam na tradição das comunidades católicas das regiões mais antigas do Brasil – mais antigas do ponto de vista da presença de colonizadores europeus, em nosso caso de portugueses – uma tradição muito antiga de grande importância religiosa.
Quando o povo fala de “O Divino” sem explicar o uso desta expressão, está presente que se trata do Espírito Santo do Sinal da Cruz.
Por isso, não se ouve falar nunca são Divino, mas, os devotos ouvem com naturalidade o uso da expressão “Divino Espírito Santo”.
A visita da Bandeira do Divino aos bairros rurais e aos sítios do interior das paróquias é um tempo de profunda vivência religiosa quando a família convida os foliões a entrar na casa com a bandeira, enquanto, todos ouvem com muita devoção a cantoria dos foliões e prestam a sua veneração à bandeira beijando as fitas ou a Pombinha que está fixada no topo da bandeira vermelha e representa o Divino, cf. os Evangelhos (Mt 3,16).
Em seguida o povo dá a sua oferta, antigamente ‘em natura’ com produtos da lavoura, hoje mais em dinheiro. Há pessoas que fazem questão de fixar a cédula de sua oferta a uma das fitas. Depois, a família oferece café e alguma comida aos foliões e alguma coisa como balas ou bolo aos devotos que acompanham a bandeira de casa em casa enquanto ela está no bairro. Na casa onde almoçam, os foliões passam muito bem, melhor ainda na casa onde pousam à noite. Nessa casa, a bandeira é coberta com um pano vermelho e encerrada em lugar protegido.
Este rito solene de encerrar a bandeira, provavelmente tem a ver com o fandango que ocorria nas casas onde os foliões pousavam. Quem não gostaria de participar de um fandango tocado por tão bons músicos! Mas, a bandeira era coberta, separando deste modo tradicional respeitoso o sagrado do mundano. Dessas coisas, o povo não fala, mas todo mundo sabe que ‘deve ser feito assim’.
A despedida da bandeira é outro momento cheio de devoção e respeito. Depois da cantoria da despedida, os moradores da casa beijam a bandeira e os foliões partem para a próxima casa onde foram convidados ou se despedem no porto para pegar o barco - antigamente eram sempre canoas a remo - para viajar ao próximo bairro.
Esta festa riquíssima em tradição, sentimentos e gestos religiosos é muito antiga e ficou guardada com profundo respeito desde as tradições trazidas pelos portugueses que nos primeiros séculos da colonização ainda guardavam a religiosidade medieval do Sul da Europa.
Esta parte da Europa não tinha sofrido a influência da Reforma Protestante assim que o Concílio de Trento (1545-1563) de início não atingiu a religiosidade católica da Península Ibérica nem suas colônias... A Bandeira do Divino sai em Cananéia da igreja-matriz para os bairros e os sítios do interior do município. Esta despedida deve ser feita cada ano no dia 3 de maio.
Perguntando ao povo porque exatamente no dia 3 de maio, ninguém o sabe, mas, a resposta é de um valor radical: ‘sempre foi feito assim’.
Dia 3 de maio, na Europa da cristandade até os anos cinqüenta do século 20, o dia da Santa Cruz era uma festa importante, celebrada cada ano no dia 3 de maio.
Desde a Idade Média, a Cruz de Cristo era símbolo da resistência contra o maior inimigo de então, contra o Islamismo que durante séculos procurou conquistar e converter a Europa católica para Maomé. Este avanço dos exércitos turcos tinha sido sustado quando, durante umas batalhas decisivas, a Santa Cruz foi levantada na primeira linha dos exércitos cristãos da Europa contra os inimigos.
Aí se vê como a religiosidade dos colonizadores vindos da Europa sobrevive em certos símbolos e costumes da religiosidade popular, até hoje. Cananéia, 3 de junho de 2003. Padre João Trinta
fui tipe de bandeira em 2001 ou 2002 não lembro gostaria de saber se voc~es responsaves pelo blog tem fotos ou videos.
ResponderExcluirantonio marcos
imail antoniomarcos_63@hotmail.com
Antonio, seja bem vindo...
ExcluirÉ bem possível que sim, Padre João Trinta era Zeloso com essa festa, geralmente se tiravam muitas fotos! Preciso apenas identificar quem é você... Entraremos em contato em breve!!!
recebo a bandeira desde q minha bisa era viva e hj com 24 anos vejo q as pessoas deixaram de seguir a bandeira...e sempre receberei pois alcancei mtas gracas q foram concedidas!!
ResponderExcluirResposta do povo a tantas mudanças caro amigo. O Caiçara é assim.
ExcluirPassei parte da minha vida convivendo com essa maravilha...Hoje, muita saudade, principalmente do mestre Leonardo Freitas, meu pai!
ResponderExcluirSaudades era muito linda as festa padre João 30 o tempo passa
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