Não era a toa que a Marinha queria a qualquer custo expulsar mais de 80 famílias de pescadores, mais de 400 pessoas do Maruja, uma pequena comunidade de Cananéia, para a construção de uma central de energia nuclear que mudaria completamente a vida pacata dos moradores da cidade a partir de então.
Diante deste triste processo que iria ocorrer, despejo de famílias inteiras de suas terras, poucas pessoas tiveram a coragem de levantar alguma bandeira se opondo, porém lá estava JOÃO TRINTA preocupado com o meio ambiente e com o povo que estava prestes a ser literalmente despejado do seu aconchego. No ano de 1983 Pe. João organiza uma grande manifestação, preparando assim a manifestação do povo de forma legal. No processo foram juntados documentos diversos como "procurações, atestado de pobreza, declarações de posse, certidões de casamento e nascimento, documentos do livro da terra da Paróquia a partir de 1856 entre outros" O resultado sabemos, aqueles que decidiram ficar na ilha, la estão até hoje...
Nesta época o prefeito pouco sabia informar da retirada dos pescadores da ilha, porém o Padre João trinta, tão logo soube da intimação enviada aos pescadores e proprietários com títulos na ilha do Cardoso pela capitania dos Portos de Iguape, entrou em contato direto com a Cúria Metropolitana de São Paulo que imediatamente designou a comissão de justiça e Paz para atuar diretamente no caso.
Foto: Colônia de Pescadores Z-9 Cananéia-Sp |
Em uma terça feira, os advogados da comissão de Justiça e Paz enviados pela Arquidiocese de São Paulo, o Bispo de Registro Dom Aparecido que por ocasião cabe comentar, teve em toda sua trajetória os pés fincados na realidade e no compromisso com o povo e representantes da capitania dos portos de Iguape, haviam se reunido juntamente com mais 50 pescadores na casa paroquial para esclarecimentos. A capitania obviamente não entrou em detalhes, apenas deixou claro que o Ministério da Marinha tinha interesse pela Ilha, sendo a mesma utilizada para fins militares.
Padre João sabia do forte potencial da Ilha para a construção desta Usina e se mostrava preocupado com a devastação do local e os danos que a mesma causaria aos moradores, enquanto a prefeitura ingenuamente acreditava que faltava água na Ilha para tal feito. Os moradores tanto de antes quanto de agora, sabem que há varias cachoeiras, vários rios, portanto recursos hídricos suficiente para o funcionamento de uma usina nuclear.
Naqueles tempos a população de Cananéia tinha em média 14 mil habitantes segundo jornais da época, muitos ouviram falar, porém não sabiam avaliar as graves conseqüências. Para alguns poderia esta usina até trazer algum progresso, para outros um desastre total. Vale ressaltar que naquela época poucos ainda se preocupavam com a questão do meio ambiente, ainda mais levando em conta o Vale do Ribeira um lugar tão desprovido de recursos.
Hoje estaríamos diante de um retrocesso, dos 442 reatores no mundo, um a mais estaria em Cananéia, se a Marinha do Brasil não tivesse encontrado naquela comunidade alguma resistência. Poderia ser uma obra inacabada, ou apenas um projeto mirabolante do governo da época, não sabemos, o que sabemos é que a fauna e flora na Ilha continua preservada graças ao engajamento de alguns poucos.
Hoje países de primeiro mundo da Europa principalmente, após o acidente em Fukuschima no Japão lutam, vão às ruas exigindo que estes reatores sejam desativados, obrigando seus governos a buscar uma fonte mais saudável de energia e menos agressiva a humanidade.
"Usina Nuclear" competição que ameaça!
Poesia de Maria Augusta da Silva Caliari
Publicado no Recanto das Letras em 19/03/2011
Esta revolução que o Mundo ameaça
Não traz benefícios, será uma constante desgraça
É uma corrida só para mostrar mais poder!
Cada país querendo ser mais potente, querendo
Engolir a gente, desde modo tão diferente!
Já basta de tanta poluição nesta pobre Natureza,
Deixando pobres e ricos, a população descontente!
É usina nuclear no Brasil, é usina nuclear no estrangeiro
Aumentando a preocupação do Mundo inteiro!
É usina hidrelétrica para aumentar energia, desabrigando
O povo, deixando- os sem moradia!
A Natureza está transformada.
É necessário alguma coisa fazer.
Para o Mundo não acabar em nada!
Das usinas, a considerada pior é a nuclear.
Se Deus não se compadecer, a Terra, nosso berço,
Ficará sem nada, só teremos dinheiro, nada para comprar!
Nossas crianças, o povo está necessitando de um Mundo novo!
Nossos governantes não podem deixar as ações para depois,
Amanhã, não, tem que ser agora, é atitude cristã!
O ser humano não pode ser esquecido.
A raça humana sabe que a usina nuclear é grande perigo!
Comentario enviado dia 19/06/2011 as 16:09h
Oi Elcio,tudo bem? Gostei do blog. Falar do Padre João é preciso estar com a boca em sintonia com o espírito limpo. Ele é uma pessoa que jamais sairá do nosso convívio, pois sempre primou pelo trabalho honesto e digno em se tratando daquilo que a Congregação a qual continua pertencendo apregoa: o amor e atenção pela igualdade, deixando de lado a demagogia e tentando esclarecer sempre ao povo o que deveria ser vivido e respeitado. Não tenho palavras para falar desse grande homem que veio lá de longe para enriquecer através do convívio o povo de nossa Cananeia. Muitos não gostavam dele devido a sua postura e autencidade. Abominava mentira, amava a simplicidade, não gostava de bajulações, era direto, mas sempre pensando no povo e no crescimento sustentável desse município que por pouco não chegou à beira da destruição. Minha poesia "Usina Nuclear" é didicada ao grande João, além de pastor de almas um homem preocupado com o meio ambiente e com uma vida melhor aos menos favorecidos. Pena que não foi longa sua vida próximo de nós. Padte João, com tua ida para outras plagas, Cananeia empobreceu.Teu modus vivends serviu de modelo para muitas pessoas, por isso nosso empenho em cuidar desta terra descoberta por Martin e que com a graça de Deus estamos habitando nela orgulhosamente. Com carinho, Maria Augusta