terça-feira, 14 de junho de 2011

O Rio Ribeira de Iguape esta gravemente doente...

"Vai Divino Ribeira... Vai em busca do Mar...Vai em busca do Atlântico. Leva consigo a vida e da vida ao Mar."

DO LIVRO DAS LAMENTAÇÕES, 6,1-25.
O rio Ribeira de Iguape está gravemente doente.

Durante séculos e milênios, eu era um rio vistoso, orgulhoso, com águas límpidas dentro de meu leito profundo e cercado de matas que me emprestavam a sua cor verde, enquanto o azul do céu como uma grande cúpula dava a idéia de uma basílica que penetrava para dentro da casa de seu Criador. O verde e esse azul me concediam a aparência de muita força e saúde. Quando as chuvas dos rebojos vindos do mar grosso, penetravam até as serras em ambos os meus lados e enchiam os riachos e os rios menores da região, eu, o Ribeira de Iguape e de toda a região, mostrava a minha força, absorvia as águas de todos os meus afluentes e invadia as vargens, as terras baixas além das minhas margens, enquanto no fundo do rio, eu removia as pedras enormes que em outros tempos tinham resistido à pressão das águas, mas nesses dias rolavam e se batiam, recortando as partes pontiagudas até se tornarem redondas e lavradas pelas trombadas que aconteciam no fundo das águas escuras e barrentas. Quando eu invadia as áreas marginais, me sentia forte, quase todo-poderoso, mas ao mesmo tempo eu corria com tanta velocidade para o mar que em poucos dias era obrigado a voltar ao meu leito, mas orgulhoso por causa da fertilidade que eu tinha espalhado nas áreas imensas que pertenciam à minha bacia.
Nos últimos decênios, eu, o rio Ribeira de Iguape que até então era forte e poderoso durante todos esses séculos e milênios, fiquei doente e sofro momentos de uma febre forte e de grande tristeza. Cortaram meus cílios que eram estrondosos como de um gigante, e os cílios de todos os meus afluentes como se quisessem nos castrar. Erosões provocadas por humanos que vivem só uns escassos anos, assorearam o meu leito, e para estragar mais ainda o fluxo vital que era o caminho para os humanos, eles começaram a despejar os desaterros das estradas que construíam nas minhas margens para dentro de meu leito e cometiam estes mesmos crimes contra todos os meus filhos, os riachos e afluentes. Ainda consegui resistir por muito tempo e carregava nas minhas águas o barro e as pedras para perto do mar grosso, mas naquelas baixadas as marés me impediam de manter a velocidade e a forte correnteza que se faziam necessárias para carregar comigo essas milhares de toneladas de terras. Eu era obrigado de largar todo esse entulho dos humanos e de abandoná-lo antes da minha lenta penetração o mar grosso adentro. Sendo um rio com valentia e história, eu chorava, tremia porque sentia que estavam me destruindo. Uns anos atrás fiz diversos ataques, até no inverno, de uma maneira como eu nunca fizera antes tentando assim acordar aqueles seres dotados com inteligência, mas eles se tornaram orgulhosos e insensíveis depois que tinham apreendido como juntar riquezas, ao invés de deixá-las onde estavam durante todos esses milênios.
Agora, para acabar de me matar de vez, dragas com grandes cabeças dentudas comem as minhas margens com o intuito de explorar os saibros que eu trouxe, durante milênios de anos das regiões mais elevadas. Que, pelo menos, buscassem retirar esse material dos baixios que se formaram no meio de meu leito. Não, para acumular riquezas com maior rapidez, alargam o meu leito de tal maneira que, a cada dia mais, perco um pouco do que ainda restava da minha profundidade e das minhas forças de outrora.
Esses humanos não têm mais o coração herdado do Criador, ficaram ridículos e sádicos. Chegaram a fazer leis para me proteger, para dar a impressão que tinha aprendido alguma lição, mas até essas leis estão sendo usadas para acumular riquezas. Onde já se viu! Essa sede de riquezas, ao invés de deixá-las onde estão ou espalhá-las em prol de todos, ainda vai fazer esses ignorantes se acabarem a si mesmos. Se eles desaparecerem, poderei reconstruir o meu leito, minhas margens, acolher com alegria as águas dos meus afluentes e voltar a ser uma bacia bela e vistosa, mas... tenho saudades dos que em outros tempos aproveitavam da minha grandeza e navegavam nas minhas águas, aqueles que ainda não tinham se intoxicado dessa sede do acúmulo de riquezas e ignorâncias. Estou doente, com febre alta, mas ainda não perco a esperança enquanto existe fé sobre a terra. [1] Ass: O Rio Ribeira de Iguape. [18-02-2004]

[1] O autor deixa de mencionar as ameaças da construção de barragens de usinas hidroelétricas, porque não chegaram a ser construídas. Elas são corpos estranhos tanto como o camarão “Vanamei” nos manguezais do Brasil. Nos últimos versos, de outro lado, o rio reconhece o amor que recebeu da parte dos moradores de tempos longínquos. Também deixa de falar do Valo Grande de Iguape. Neste silenciar de assunto tão decisivo transparece um humilde ‘minha culpa’ por ter cometido um grande erro. Quando “surgiu” um dreno na sua margem direita, o rio entrou nesta primeira armadilha que os humanos fizeram, buscando desse modo largar-se em direção do mar com maior facilidade. Neste instante começou o processo de assoreamento que não iria parar nunca mais, desde aquele momento infeliz, há quase 200 anos atrás.
Pe. João 30 – Cananéia/Sp- 18.02.2004

Um comentário:

  1. muito dahora seu blog

    tenha mais visitas diaria no seu blog

    http://www.1milhaodevisitas.com/?aff=10734


    visite esse link e cadastre-se pegue seu link e divulgue ele cada pessoa que se cadastrar por ele voce ganha si vc atingi pelo menos 10 cadastrado no seu link vc ganha 10 visitas diaria ce atingi 100 ganha 100 visitas diaria

    pode clica que nao é virus nao tenho u blog tbm

    visita la

    http://baixerdl.blogspot.com/

    qualquer coisa so perguntar

    se quiser que eu sigo e so pedir

    ResponderExcluir

Vídeos interessantes