segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Cananéia, os CARDOSO e o ARROZ de Cananéia - ano 2003

Os Cardoso e o Arroz de Cananéia/Sp

Para Itacuruçá ....

Sabemos de documento oficial de 1701, que o Domingos Cardozo, em meados do século dezessete, era morador da ilha de Itocuatiara, “ilha do marco”, e que seus descendentes, depois de ter morado algum tempo no continente, voltaram à ilha e nunca mais a deixaram. A Ilha nunca deixou de ser chamado ”do Cardoso”. A tradição desses primeiros moradores ficou guardada e hoje mantém-se na Ilha um digno representante da família, na pessoa de João Cardoso e sua pequena família, no Sítio Santa Cruz.

É certo que a família do Cardozo após tempos, deixou a ilha e se mudou para o continente e só voltou no século XIX, por herança de seus ancestrais para o sítio da Santa Cruz, nome que guarda, desde os tempos primordiais, o nome da recém ocupada Terra da Santa Cruz.


O certo é que de 1650 em diante, diversas famílias se estabeleceram na Ilha, buscando de preferência as proximidade as barra de Cananéa, talvez pela abundância de pescado nesta região.
Em tempos passados, no séc. XIX “era a Ilha do Cardoso um dos lugares mais habitados do município, não só pela fertilidade de suas terras e a abundância de peixes em todos os seus recôncavos, rios e parcéis, como também pela facilidade dos meios de transportes que eram feitos sobre água, em grandes canoas e até mesmo em lanchas e hiates. Era, então, considerada como um dos maiores celeiros do município, onde se erguiam as mais prósperas fazendas com seus engenhos de arrôs, fábricas de aguardente, olarias e até mesmo um estaleiro naval situado à entrada do canal, defronte do lugar ainda hoje conhecido por Japajá.” [António Paulino de Almeida, em: Memória histórica da Ilha do Cardoso.]

Morou na Ilha, naquela era, a família do Capitão Lourenço Rodrigues de Andrade, na face norte da ilha do Cardoso, no lugar ainda hoje conhecido pela denominação de ‘Morro do Andrade.’  No fim do século XVII, a família de Capitão Lourenço Rodrigues de Andrade mudou-se para Curitiba, como um dos primeiros povoadores.
O ARROZ tem sido, durante os séculos passados, a riqueza do povo destas bandas de Cananéia e do Vale do Ribeiro. Os bairros do interior de Cananéia sempre produziram um arroz sadio e gostoso. Regiões como Araçaúba no interior de Ariri, Taquari, ao lado do rio com o mesmo nome e os sítios ao lado oeste da Ilha do Cardoso na proximidade das águas que conduzem ao sul do município, enfim todo o município e Cananéia tem sido produtor de muito arroz de qualidade excelente para a exportação.

Importante, nesta história, é de se lembrar que todos os donos de sítios no interior tinham os seus escravos, que a água facilitava o transporte e que o porto de Cananéia, que era mundialmente conhecido desde o início da colonização européia, facilitava a exportação para outras regiões do Brasil, esp. para Rio de Janeiro e o Nordeste, e também para o exterior.

O famoso arroz de Iguape que ganhou prêmios e laureeis na Europa, vinha de toda a região sendo trazido em grandes canoas que subiam e desciam este rio Ribeiro de Iguape desde a metade do século dezessete. O arroz de Cananéia era embarcado aqui mesmo no porto na frente da cidade, um porto durante séculos elogiado com um dos melhores da Terra do Brasil, junto com o porto de Rio de Janeiro, especialmente por causa de seus cais naturais onde encostavam os navios e pela proteção do Morro de São João que protegia o local contra os ventos do sul e a correnteza das marés mais altas.

Que havia precisão de um prático para passar a barra na chegada e saída dos barcos, era algo normal em quase todos os portos. Aparício dos Santos, falecido há sete anos, era o último dos práticos que conduziam os navios para entrar e sair.
O arroz é o prato principal de nosso povo. Sem arroz, o povo caiçara não almoçou!


O preparo é um trabalho bonito: a limpeza no pilão, em uns lugares com a ajuda de monjolo mas normalmente no pilão onde a dona de casa sozinha e mais tarde com a ajuda da filha mais velha manusearam a pesada mão; a peneira para a retirada do farelo e o pó com ajuda do vento; e o farelo que era jogado numa gamela para engordar os porcos ou para as galinhas que já estavam esperando desde a primeira batida da mão, artesanato feita de canela ou peroba, no pilão.

O cozimento do arroz que era colocado na panela em cima do fogo a lenha, para estar pronto na hora da refeição e servido bem quentinho, com farinha de mandioca, junto com um parati cozido e um caldinho de pimenta ou com um pedaço de carne seca de caça, ou em tempos de carestia só o arroz com farinha ou só um ovo frito com a farinha, outro produto indispensável no cardápio de nosso povo caiçara. E novamente estavam lá esperando por perto, ao pé do banco, o cachorro e as galinhas aguardando a sua parte, porque todos ganhavam sua parte, mesmo na hora do maior aperto. Não podemos deixar de mencionar o arroz amanhecido para o café da manhã e o cuscuz de arroz para os dias de festa.
                                                      Cananéia, 1 de outubro de 2003 – Padre João Trinta




12 comentários:

  1. Adorei, muito bom!
    http://lollyoliver.wordpress.com

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  2. Mto bom seu blog! Informações úteis e tbm um cunho historico!
    passa lá?
    http://uaimeu10.blogspot.com/

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  3. olá, amigo.. belo blog com toda a carga cultural de nossas histórias. estou seguindo teu blog, se puder, siga o meu \o/

    www.foiporquerer.blogspot.com

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  4. Belo trabalho no blog =]

    to te seguindo, quando der segue de vola e comenta :D


    www.luliskd.blogspot.com

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  5. Oii, vim retribuir a visita!
    E dizer que estou seguindo você tbm!
    http://territoriodascompradorasdelivro.blogspot.com/
    bjs *-*

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  6. Ah, não sou um praticante, nem nunca fui desta religião, mas respeito todo, o trabalho, que eles fazem. Parece que você Padre, luta pela igualdade, e respeito de todas as raças, e principalmente paz, parabéns.

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  7. Maneira a postagem, sempre bom lembrar a origem das coisas que fazem parte de nosso dia a dia!
    Abraço

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  8. Obrigado a todos pelos comentários...

    Que o Deus da vida os abençõe....

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  9. legal essa postagem
    nasci no sitio bombicho
    sinto muita saudade daquele lugar

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