quinta-feira, 7 de abril de 2011

"DEPOIMENTOS ACERCA DE PADRE JOÃO, POR ÉLCIO".

Por Élcio Xavier
“A maneira de ajudar os outros é provar-lhes que eles são capazes de pensar.”

Utilizo este pensamento de Dom Helder Câmara para começar a escrever de maneira simples um pouco sobre minha experiência com Pe. João 30 abrindo aqui um precedente para que mais pessoas falem um pouco de seu contacto com este grande homem.
Não tenham dúvidas amigos, “João 30” era um grande amigo, daqueles que podemos contar em todos os momentos. Tive a oportunidade de conhecê-lo mais de perto já que trabalhei na casa paroquial por alguns anos e é um pouco desta experiência que quero compartilhar.
Neste tempo de contacto diário aprendi muito, principalmente a respeitar a dignidade humana já que para o amigo “João 30” as pessoas sempre vieram em primeiro lugar, suas necessidades de uma maneira ou de outra precisavam ser atendidas, ou pela Igreja, ou pelo poder público ou pela sociedade e os esforços não eram medidos. Muitos confundiam sua sinceridade com arrogância, pois, realmente falava a verdade assim como um bom pai ou boa mãe certamente faria com seu filho amado.
João 30 guiava seu rebanho orientando sua comunidade de fé e vida a utilizar o Evangelho de Jesus Cristo como defesa, lá a pequena comunidade de Cananéia encontrava todas as respostas... Era através desta leitura do Evangelho da vida que João ia mostrando ao povo o valor do caiçara, ia empurrando pelas beiradas o preconceito do povo quanto a sua cultura e seus antepassados e ia assim formando um povo critico e conhecedor de seus direitos.
João 30 correu o Brasil, anunciando a boa nova de Jesus, denunciando as injustiças. Um dia ia para Curitiba outro para o Varadouro, para São Paulo e Iririaia, Sorocaba e Acaraú, Registro e Santa Maria. Ia para Itaici, para conferencia de Pesca, para encontros de catequese renovada, o homem não parava. João inovava, incentivava e em um determinado momento me apoiou muito a formar um grupo de Jovens, para trabalhar com a metodologia da Pastoral da Juventude, e de muito perto acompanhava, para ele o grupo não poderia se reunir apenas para rezar e cantar, mas sim, para falar de coisas concretas da vida, da realidade do jovem... A pastoral da Juventude tem uma linha interessantíssima para se trabalhar, é uma pena que as paróquias tenham optado por criar apenas “grupos de jovens” que se reúnem hoje para ensaiar cantos e formar coral.
Um habito de João, era o da leitura, além dos muitos livros de sua biblioteca particular acompanhava religiosamente a Folha de São Paulo, e muitas foram as tentativas de criar em nós o mesmo habito.
As tardes na casa paroquial sempre havia que ter um tempinho para conversar, o café da tarde era sagrado, ou um pãozinho do Pinduca, ou uma Banana passa do Rio Branco sempre havia, o café preto é que não poderia faltar, alias passei bastante café para as reuniões que eram quase que diárias. As conversas eram as mais variadas possíveis, ia dos preparativos do casamento de Suzete até o cenário da política nacional...

O que posso dizer para finalizar, é que muito aprendi com a minha caminhada de Fé na Vida e Vida na Fé na comunidade de Cananéia e João 30 foi responsável por grande parte do meu aprendizado... Espero que um dia, seu sonho de Sociedade Justa e igualitária se concretize, nem que seja em nossa pequena Cananéia...


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